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A primavera está chegando. Abramos corações e mentes

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Eis que estamos às vésperas do equinócio. Na madrugada de segunda-feira o sol iluminará igualmente os hemisférios sul e norte do planeta Terra, dia e noite terão idêntica duração e, enquanto os residentes na metade setentrional do globo terrestre passam a viver o outono, para nós, na porção meridional, será a chegada da estação primavera.

É o momento mais festejado do ano, explosão de cores e aromas, convite à vida e à intensidade, erupção de sentimentos e hormônios, florações e acasalamentos na natureza.

Entre tantas outras espécies da flora, os ipês adornam setembro com sua floração intensa: rosas, roxos, amarelos, brancos, cada qual mais presente numa região, espalhados pelos diferentes biomas do país, da Amazônia ao Pampa. O ipê amarelo até já foi proclamado flor símbolo do Brasil, em razão da cor e da época, coincidindo suas flores com as celebrações cívicas da Semana da Pátria. E por falar no Pampa, os campos nativos já não são tantos, mas devem estar floridos, com nesgas de diferentes cores conforme o predomínio de alguma planta, como os da minha infância!

Uma característica de quem já tenha percorrido décadas e vivenciado momento oscilante entre vida e óbito é sentir diferente e mais profundamente cada pequeno episódio, cada realidade singular. Isso me diz respeito. Hoje não mais sou aquele que tinha pressa e compromissos urgentes, tantos objetivos a buscar e coisas por fazer, missões e militâncias. Não perdi ideias ou ideais, mas ganhei paciência e capacidade de sensibilizar cada momento. Os sonhos perseguidos geraram saudades, toma conta a consciência de sobrevivente em prorrogação existencial com limitações. Paro para apreciar o amanhecer ou o pôr do sol. Olho com calma e atenção a flor. Respiro fundo cada fragrância. E a primavera multiplica a possibilidade de encantamentos estéticos, momentos agradáveis, liberação de afetos.

Inicia a primavera e a natureza convida à vida, à harmonia, ao convívio. Quem sabe nós humanos também vivenciemos o espírito primaveril: uma ode à vida e ao afeto. Mais gentileza, menos azedume e impaciência. Maior sorriso, menor mau humor. Mais amor, menos violência. Espalhe-se isto pelas relações entre indivíduos, do lar à rua, da escola ao trabalho, do campo à cidade. Mas também pelas relações de grupos, instituições, organismos, movimentos. Até entre nações.

Aí sim seria primavera na natureza e na humanidade. Nas paisagens, nas flores abundantes e lindas, no canto dos pássaros (ah! Os sabiás laranjeiras já fazem seu coral madrugador por aqui!), mas também nos humanos corações e mentes. Uma primavera como estação de convívio amigável, de cooperação, de espírito comunitário. Devaneio? Sei. É o que diz minha autocrítica sempre tão ciosa e atenta. Todavia, a idade e a primavera concedem-me o direito ao devaneio. Quando jovem sonha-se em transformar o mundo, quando já idoso almeja-se que a primavera faça isso por nós. Devaneios.

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